quarta-feira, 26 de agosto de 2009

EI DEFUNTO

Remexia-se na cama como defunto na cova.

Ei, defunto

o tempo seduz ponteiros de madeira fria
meras redundâncias contemporâneas...

Ei, defunto

Neruda se confunde com tempos verbais
lombadas de livros deixam ásperas as mãos de Borges.

Ei, defunto

vem, com dissonante voz, vem
alimenta ruídos de meu estômago

ei, defunto

quase me esqueci das entrelinhas esgarçadas
cobre meu corpo com teu manto noturno
e, por fim, descobre a aurora de meu corpo
no fundo de um quarto de Van Gogh

Ei, defunto
Ei, defunto!
Ei, defunto?

A sete palmos lhe beijo a face
quem sabe de amanhã

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Vida fugaz

um universo estrangeiro
através da janela
apenas a noite e o mar
frias e malignas ondas negras
sem compaixão ou consciência
ouve-se a voz do mar e do vento
força criativa junto ao ódio
onde o relógio para
é preciso reiniciar

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Dream tonight

Céu azul extremo
Parece que acordo num filme americano
Em que a rotina sem graça sufoca
Horas no trabalho
Que demoram a passar
E dias que passam rápido demais
I’m still thinking about you
Alguns minutos de vídeos na internet
Um riso, uma bela canção
Um rock para levantar o astral
Uma comida que tanto faz
Uma troca de carinho com colegas tão legais
Uma vida sem sentido maior
Eu sonhava algo mais
Sem glamour, sem realizações dignas da história
Sem amores arrebatadores correspondidos
Sem cartas
Sem filhos
Horas inexatas
Hora de partir, hora de partir dessas ideias latentes
Hora de mergulhar fundo nos ideais
Concretizar melhoras
Concretizar uma busca em vão
Voar, voar
Let’s enjoy the Day
Que chegue a noite para me entorpecer

Valéria Penna