tra(b)dução bem livre de um poema de bukowski
este medo de ser o que eles são:
um morto.
pelo menos eles não circulam pelas ruas, eles
se cuidam e ficam lá dentro, aqueles
branquelas esquizóides
que se sentam solitários na frente de suas tvs,
com suas vidas cheias de risadinhas mutiladas e enlatadas.
sua vizinhança ideal
de carros estacionados
de gramadinhos verdes
de casinhas
de portinhas que se abrem e se fecham
quando seus parentes aparecem pra uma visitinha nos feriados
as portas se fechando
diante dos que morrendo morrem tão lentamente
diante dos mortos que ainda estão vivos
na sua quieta e típica vizinhança
de ruas sinuosas
de agonia
de confusão
de horror
de medo
de ignorância.
um cachorro parado atrás da cerca.
um homem silencioso na janela.