terça-feira, 27 de outubro de 2009

Súbita

23/10/2009

Súbita. Esse era seu nome. Vagava pelo Novo Mundo, entre sonhos perdidos e malas vazias. Marejava, em sua contradição oceânica, águas de um reflexo distorcido. Afogava-se como Narciso em busca do outro e sofria como o grande poeta. Não acreditava no amor, somente na poesia de Clarice e nos versos de Bethânia. Não mostrava o corpo e os botões eram seus melhores amigos. Seu sorriso de carpideira aprontava histerias em procissões e nada lhe fazia ser. E tudo aquilo que lhe parecia verdade, claro e certo, se esvaiu: pelo ralo mais fétido na casa do ferreiro com espeto de pau. E o amor lhe contaminou, mais uma vez. Quando lhe parecia finito no peito, ele gritou e, finalmente, estava apaixonada. Seus lençóis nunca mais foram os mesmos. E o verbo se fez feminino, em sua forma mais transitiva. Súbita. Esse era o seu nome e aqui jaz aquilo que, um dia, foi crença: subitamente.