quarta-feira, 15 de abril de 2009

Feriado de páscoa ou porque o cristianismo não me agrada mais

Na semana anterior
Derrete-se o planejamento pedagógico
De creches e escolas de crianças
E coloca-se em um caldeirão
Junto com as professoras
Para depois por na forma do ridículo:
Fantasias de coelho,
Teatro ultra-amador
De fantoches que eram bicho de pelúcia
E tiveram suas vísceras de algodão
Retiradas pelo cu
Falta verba,
Mas não tem problema,
Gasta-se dinheiro
Com ovos de chocolate
Além dos ovos de parafina marrom,
Que dizem ser comestíveis,
Distribuídos pela empresa da mer(en)da

No feriado
Parentes fadigados
Do trabalho que lhes garantem
Seus respectivos carros importados

Durante a semana
Curam com álcool
Todos os dias
As cabeças baixas
As bocas caladas
Os olhos fundos

Na ceia em família
Bebem coca-cola
Porque em tempo de crise
O vinho disponível
Vai dar dor de cabeça
Todos bons cristãos,
Rezam antes de comer
Falam da vida dos padres,
Dos fiéis
E depois vão à procissão
Encontrar padres e fiéis
Que renderão assuntos
No próximo almoço

E está sempre tudo bem
Estão sempre todos felizes
É muito estranho dizer o contrário
Há de se manter o sorriso
Para alimentar a hipocrisia
E ignorar, ignorar, ignorar
A infelicidade óbvia,
A falta de assunto,
O alcoolismo,
A causa psicossomática das doenças,
O passado e o presente
Para sermos uma família cristã feliz
Para todo o sempre
Amém.